domingo, 17 de outubro de 2010





Capitulo 3-    Cidade




 Duas vampiras de cabelos preto escorrido se aproximaram de nós. Cada uma se apoiou em um ombro de Apollo.
‘’O que você está fazendo aqui? ‘’ - A mais alta delas perguntou - ‘’Era pra você ter encontrado agente no penhasco‘’
‘’Eu já estava indo, é só que eu vi um rosto conhecido‘’ -Ele me lançou um olhar significativo.
‘’Uh, quem pode ser mais importante que seus amigos? ‘’ - A mais baixa nos olhou com desdém.
‘’Sem drama Freida‘’ - Apollo pediu. Era impressão minha ou eu era a única com nome normal por ali?
‘’Uma bruxa? ‘’ - Freida fez pouco caso de mim. ‘’Desde quando você fala com linhagens inferiores‘’
Respira
‘’Hey! Qual o problema?‘’ - Magdalene perguntou histérica na sua voz aguda, ela estava claramente ofendida.
‘’Mais a Diana não é... ‘’ -
Eu lancei um olhar de desaprovação pra Apollo não continuar a falar, eu não queria que niguém soubesse que Tagore Salonen era meu vovó.
As pessoas com certeza me olhariam com outros olhos se soubessem que eu sou neta do bruxo real ditador malvado.
Apollo levantou uma sobrancelha e me olhou descrente e confuso ao mesmo tempo, afinal era uma honra pertencer a família real, e qualquer um gostaria de se gabar por isso, ele com certeza deveria fazer muito disso por ser da família de Hanzi Mangrave, o vampiro mais poderoso de todos. Mas eu não, eu odiava usar o sobrenome do meu avô como referencia, a partir do momento em que eu deixava de ser simplesmente Diana e me tornava Diana Salonen, o mundo exigia mais de mim, tudo isso por carregar o bendito sobrenome de peso.
‘’Que seja Diana‘’ - Ele chacoalhou a cabeça
‘’O que? ‘’ - Freida perguntou claramente perdida tanto quanto a outra vampira e Magdalene que esperavam enquanto eu e Apollo nos comunicávamos por olhares.
 Estranho. Muito estranho.
‘’Nada‘’ - Ele disse num tom sério - ‘’Esquece‘’
Freida ficou carrancuda.
 ‘’Te vejo por ai Diana‘’ - Apollo movimentou ligeiramente os lábios num sorrisinho enigmático e depois se virou com as duas vampiras enganchadas em seus braços.
‘’Apollo Mangrave falando com você? ‘’-Magdalene proferiu em um tom de voz extremamente elevado - ‘’Conta-me tudo‘’ - Ela exigiu.
‘’Ele é só um conhecido de infância’’ -
Um conhecido que eu costumava perseguir.
‘’Um conhecido hãn?’’ - Ela perguntou desconfiada ‘’Que tipo de conhecido?’’
‘’Do tipo que se mantêm relações superficiais?’’ - Eu enrolei.
‘’Desembucha bruxa’’ - Ela me deu um cutucão.
‘’Ok’’ - Eu admiti- ‘’Ele era minha paixonite de infância, eu meio que tipo mandava cartinhas pra ele’’
‘’Você o que?’’- Ela gargalhou.
‘’Eu era criança, dá um desconto?’’
Eu pude avistar Aislin com uma caixinha de leite de soja do outro lado do pátio, Magdalene acenou escandalosamente para que ela nos localizasse. Eu tive impressão que ela queria dar meia volta e fingir que não nos conhecia, mais por fim ela se aproximou com um sorriso amarelo, talvez ela tivesse medo de manchar a reputação por ser vista com uma vampira?
‘’Você precisa saber dessa’’ - Magdalene disse logo quando a bruxa se aproximou- ‘’A Diana mandava cartinha de amor para o Apollo Mangrave’’
‘’Como assim?’’ - Aislin que antes estava com a cara fechada agora me olhou divertida - ‘’Ela já conhecia ele?’’
‘’Não julgue, eu tinha uns seis anos’’- Disse na defensiva.
‘’E com seis anos você já se declarava para os garotos?... Como as crianças do século XXI são precoces’’- Aislin gargalhou.
‘’Eu não faço mais isso ok?’’
‘’Eu só estou imaginando a cara que o esnobe do Apollo fazia quando recebia suas cartinhas’’
‘’A tua... Sempre tua Diana’’ - Aislin interpretou dramaticamente, aquilo que era pra ser o final de uma carta supostamente escrita por mim.
 A vá!
‘’Tens furtivamente meu coração... ’’ - Agora foi a vez de Magdalene me zuar.
‘’Já deu né’’ - Eu disse incomodada
Sim, o passado realmente condena,  
mais que atire a primeira pedra quem nunca pagou mico na  infância. 


E-MAIL ENVIADO 
De: Diana Salonen
Para: Natalie Viscont
Enviado: Sabado, 12:15 pm

Querida Natalie,
Assim como prometido narro-te por meio desse e-mail os acontecimentos em ordem cronológica da minha maravilhosa estadia em Elyon, e espero que você faça o mesmo, afinal não é porque na sua escola não tem bruxos e vampiros seria menos excitante saber (muahahaha)
Drama [on]
 Começou pelo bote amiga, o mar estava agitado e eu sinceramente achei que aquele troço iria virar, seria mais seguro se bruxas pudessem voar em vassouras, ou se pra começo de história Elyon não fosse num arquipélago no meio do oceano, imagina o meu choque ao descobrir que só vampiros usam uniformes, os bruxos uma coisa que no máximo pode ser chamada de capa de chuva da era medieval. No jantar de apresentação eu conheci a minha diretora, ela é uma velha sinistra que faz nossa antiga diretora Sra. Imogen parecer um anjinho, e estamos falando de Sra. Imogen, a reencarnação de Hitler.
Minha primeira aula foi de magia Elemental, a professora é uma bruxa hippie paz e amor daquelas que comem sorvete de tofu, eu sinto que qualquer dia ela ainda vai perguntar coisas do tipo ‘’já abraçou uma arvore hoje irmã? ‘’A má noticia é que meus colegas não foram com a minha cara por eu estar fazendo um monte de perguntas, em um exercício que exigia silencio e o máximo de concentração possível, mais o que eu podia fazer? Meus vórtices não quiseram girar, e eu não sabia o que era pran alguma coisa. No meu primeiro almoço em Elyon eu compartilhei sem querer com todos os vampiros o estranho gosto musical da minha irmã, (Eles tem super-audição) inclusive os gritos de Marilyn Manson que deve ter sugerido que eu sou uma bruxa from hell, e como se não bastasse o mico eu me reencontrei com a minha paixonite de infância Apollo, aquele para qual eu mandava ridículas cartinhas melosas de amor. (abafa)
O mais difícil é me adaptar ao cardápio daqui, o prato de jantar principal da semana foi fígado de pato mal passado, eu tive que resistir ao impulso de ir beber sangue com os vampiros. Quem não tem um paladar refinado sofre com a comida daqui, eu penso que até as suas gororobas me deceriam melhor.
O auge da semana foi a maravilhosa conversa que eu tive com Bluma por telefone sobre passar a mão nas coisas delas, e é claro sobre mudar minha natureza de bruxa Elemental para bruxa manifestadora, e manifestar os artigos vendidos no e-bay de volta. Qual é, você sabe que eu só estou tentando ajudar ela se reciclar, pra alguém que nasceu em uma época que não tinha começado nem um processo de invenção de qualquer aparelho que produzisse som ela ficou muito brava pelo sumiço do Ipod que eu peguei emprestado sem avisar, o fato é que depois das doces palavras da minha querida irmã eu fiquei alterada e explodi o espelho do banheiro, graças a isso o segundo andar da torre sul inteiro me ama.
Quarta feira foi o dia mais interessante da semana, eu finalmente tive aula com o Jude Law versão vampiro, que estava mais pra Deus grego, Alexis da aula de manipulação, uma matéria que você apreciaria já que você gosta de controlar as pessoas.
 No mais a semana passou como um borrão, nada que valha a pena contar, hoje finalmente nos temos passe livre pra ir à cidade, a pior parte vai ser pegar o bote, mais vale a pena pra comer hambúrguer com batata frita.
E você o que anda fazendo?
Mantenha-me informada,
 Te conto detalhes sobre o meu passeio depois, agora tenho que ir, eu surtaria se perdesse o bote e passasse mais um dia sem comer comida de verdade.
Beijos Diana


‘’Qual é uma imortal com medo de cair na água? ‘’ - Um sorriso ameaçou aparecer no canto da boca de Aislin - ‘’Não é como se você pudesse morrer Diana‘’- Ela brincou.
‘’Eu realmente não entendo porque nos temos um heliporto se não usamos, basicamente esta lá de enfeite‘’ - Magdalene reclamou.
‘’Seria lindo pegar um helicóptero para andar esse pedacinho‘’- Aislin retrucou
‘’Um yat ou uma lancha seria bom‘’ - Eu sugeri enquanto me agarrava ao banco.
‘’Nos temos yat, mais não compensa usá-lo para pequenas distâncias, é melhor assim cada grupo tem o seu bote e volta pra Elyon na hora que quiser‘’
‘’Mesmo assim, bote é horrível, meu cabelo vai ficar todo frisado‘’- Magdalene ladrou birrenta
‘’Dê graças que isso é um flexboat, se fosse um bote inflável nos já estaríamos afundando por causa do seu salto‘’
‘’Algum problema com meu louboutin? ‘’- Magdalene admirou seu salto de grife.
‘’Tirando o fato de ele ser pontiagudo...‘’- Aislin fingiu pensar - ‘’ Não‘’- Respondeu irônica.
‘’Fala sério Aislin você não... ‘’ - Magdalene começou
‘’Meninas...‘’ - Eu as interropi quase nauseada demais pra conseguir concluir o que ia dizer -‘’Relaxem... ‘’
Magdalene suspirou e depois tirou um espelhinho da sua bolsa para retocar o gloss, Aislin continuou a escutar musicas e eu continuei encolhida no meu estado deplorável por causa dos enjôos até chegar em terra firme uns cinco minutos depois.
‘’O que nos vamos fazer primeiro?‘’- Magdalene perguntou animada enquanto tentava tirar o cabelo grudado na boca por causa do vento.
‘’Vocês eu não sei, mais eu vou a uma livraria‘’ - Aislin disse enquanto prendia o bote.
‘’Eu estava afim de umas batatas fritas, mais ainda não estou muito bem‘’
‘’Já sei ‘’- Magdalene disse iluminada - ‘’Vamos à livraria, depois ao shopping e depois comer batata‘’
Aislin pensou - ‘’Eu não gosto muito de shoppings‘’
‘’E eu não gosto de livrarias‘’ - Um sorriso enorme apareceu no rosto de Magdalene -‘’Vamos, não seja chata, nos devemos fazer coisas juntas‘’
‘’Devemos? ‘’ - Aislin perguntou com uma das sobrancelhas erguida.
‘’Sim, vamos paquerar, fazer compras, experimentar roupas, passar trotes fazer coisas divertidas que amigas fazem‘’ - Magdalene sugeriu sonhadoramente.
‘’Ela esta certa‘’ - Eu concordei - ‘’Vamos Aislin, vai ser divertido‘’
Aislin hesitou um pouco, mais cedeu no final, fingindo que a idéia não lhe agravada muito, quando na verdade eu sabia que estava de certo modo feliz por nos termos incluído ela, afinal ninguém gosta de ficar sozinho lendo livros em um final de semana tão bonito quanto aquele.
‘’Pode ser, mais nada de trotes‘’ - Nos três rimos.
‘’Por aqui‘’ - Aislin nos guiou pelo caminho de pedras que dava a pequena livraria antiga. Nos dirigimos à sessão empoeirada de livros antigos.
‘’Que lugar velho‘’ - Magdalene reclamou.
‘’Se vocês quiserem podem me esperam ali nos puffes‘’
‘’Escolhe seu livro sem pressa, nos esperamos‘’ - Eu disse mesmo sabendo que Magdalene não aguentaria muito tempo naquele lugar.
‘’De qualquer jeito eu não vou demorar‘’
‘’Que tal esse?‘’ - Magdalene apareceu com um livro de capa preta com letras rosa, aparentemente um livro de auto-ajuda para garotas frustradas saírem do poço.
‘’Escolher um livro não é como escolher um vestido Magdalene‘’ - Aislin explicou - ‘’Você não compra porque a capa é bonitinha, tem que ler a sinopse‘’
‘’Que seja eu gostei desse‘’ - A vampira sorriu para o livro descartando o que a bruxa disse - ‘’Como conseguir o gato em dez dias‘’ - Ela leu em voz alta - ‘’Pode me ser útil‘’
Aislin revirou os olhos - ‘’Se você considerar que... ‘’ -Ela olhou ao redor para ver se alguém estava escutando e então disse baixinho - ‘’Que os garotos imortais são diferentes dos garotos humanos, você perceberia que esse livro não te ajudara em nada‘’
‘’Não?‘’ - Magdalene olhou para nós com um sorriso astuto no rosto - ‘’São todos idiotas que se auto-denominam sexo masculino, mortal ou imortal são farinha do mesmo saco‘’ -
Desde quando a vampira era feminista?
‘’Os bruxos são mais maduros‘’ - Aislin ativou modo defensora de sua espécie.
Eu ri - ‘’Não existem garotos maduros, existem os que fingem melhor‘’
‘’Faz sentido‘’ - Magdalene concordou enquanto se dirigia a outra prateleira de livro, ela pareceu compenetrada - ‘’Até os livros de hoje em dia são diferentes, antigamente era proibido escrever histórias eróticas, e olha agora‘’ - Ela apontou para o kama-sutra.
‘’Por favor, me diga que você não vai levar isso‘’- Eu temi a resposta.
‘’Não, era só para comparar mesmo‘’ - Ela riu -‘’Antigamente não existia auto-ajuda. Por isso que eu amo o século XXI, existe guia pra tudo‘’
‘’Nos ganhamos livros de auto-ajuda e perdemos algumas das virtudes mais importantes‘’ - Aislin disse sarcástica com um sorriso no rosto - ‘’Uma grande troca não acha?‘’
‘’Virtudes sucks‘’ - Magdalene brincou - ‘’Quando você é muito envirtusada, você não vive‘’ - Demorou pra cair à ficha que ela quis dizer uma pessoa com muitas virtudes com envirtusada, mas era Magdalene e sua personalidade lhe dava licença pra inventar palavras.
‘’Então você acha que podemos viver bem sem as qualidades essenciais?’’- Aislin perguntou.
‘’Mais é claro que sim... Nos divertimos muito mais com os sete pecados capitais do que com as sete virtudes, que alias são um saco’’
Sete pecados versos sete virtudes, aquela era uma discussão que eu com certeza não gostaria de presenciar, fazia uma semana que elas se conheciam e nessa uma semana elas ficavam defendendo temas opostos, e eu sempre em cima do muro quando elas pediam minha opinião para o desempate.
Eu me dirigi aos puffes empoeirados que se localizavam perto da entrada, se o meu palpite estivesse certo as duas discutiriam ainda por um bom tempo, e já que eu iria ter que esperar, era melhor que fosse sentada.
Dez minutos bastou para mim ficar totalmente entediada, eu não tinha trazido o Ipod, celular ou qualquer coisa que pudesse me entreter, eu já ia me levantar para apressar Aislin e Magdalene quando eu senti uma coisa estranha.
Uma energia muito forte diferente de qualquer coisa que eu já havia sentido antes, um arrepio percorreu todo o meu corpo, uma emoção violenta me inundou.


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