quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Capitulo 4-    Ceifadores


O que é isso?
 Eu olhei para os lados, da livraria, mais só tinha a mulher que estava cuidando do caixa, e um senhor funesto com um sobretudo preto, e as minhas duas colegas tagarelando no final do corredor. O que poderia ser aquela presença? Um vampiro? Um bruxo? Minha respiração ficou irregular.
 Não.
Definitivamente nenhum dos dois.
As meninas se aproximaram já com os livros comprados.
‘’Ai esta você’’ - Aislin disse se dirigindo a mim.
‘’Nossa Diana, você parece... péssima, o que houve? ‘’ - Magdalene perguntou preocupada.
‘’Não sei, derrepente...‘’ - Eu chacoalhei a cabeça.
‘’Derrepente...?‘’ - Magdalene esperou que eu concluísse.
‘’Deve ser a hipoglicemia‘’
‘’Bruxos não tem hipoglicemia Diana‘’ - Aislin me olhou preocupada e ao mesmo tempo contendo o riso.
‘’Vamos logo comer batata vai’’ - Magdalene deu um puxão para me levantar.
‘’Vampiros também não comem batatas Magdalene’’ - Aislin disse no mesmo tom que tinha me avisado sobre hipoglicemia, e nos três rimos.


‘’Por favor, um hambúrguer duplo completo, e uma porção de fritas‘’ - Eu pedi à garçonete do restaurante do shopping que veio nos atender - ‘’E um suco de uva‘’ - Eu acrescentei quase salivando.
‘’E vocês o que vão querer?‘’ - A garçonete perguntou para as duas.
‘’Verduras em escabeche por favor’’ - A bruxa disse com naturalidade
‘’Nos não servimos esse tipo de prato senhorita’’- A garçonete explicou
‘’Isso daqui não é um restaurante vegetariano cabeçuda’’- Magdalene provocou
‘’E strogonoff de tofu?- Aislin arriscou.
‘’Só strogonoff normal’’
‘’Algum prato que mostre respeito aos animais?’’ - Ela perguntou com um tom de voz um pouco exaltado.
Eu e Magdalene inclusive a garçonete rimos, e Aislin pareceu ofendida.
‘’Não é justo tirar a vida de um animalzinho pra se alimentar... Principalmente se a sua vida não depende disso ‘’ - Ela disse indócil - ‘’Eles são confinados e depois tratados de formas brutais e também... -‘’
‘’Ela vai querer uma salada’’ - Eu cortei o discurso de Aislin, porque a garçonete definitivamente estava ficando assustada.
‘’Ok...’’ -Ela anotou  no palm - ‘’E você?’’ - Ela perguntou pra Magdalene.
‘’Você por acaso não teria um microondas?’’
‘’Hu, sim...’’ - Ela franziu o cenho, estranhando a pergunta.
A vampira tirou uma garrafa com liquido vermelho da bolsa e entregou a moça - ‘’Você poderia esquentar pra mim?... Trinta e sete graus está bom’’
Não precisava ser vidente para adivinhar que a garçonete estava pensando, com certeza algo do tipo maldita-hora-que-eu-fui-atender-essa-mesa.
****
‘’Nada de lã, pele,couro?’’ - Magdalene perguntou boquiaberta, e logo depois tomou um longo gole do seu liquido vermelho.
‘’Nada’’ - Aislin respondeu orgulhosa.
‘’E seda?’’ - Ela perguntou como se tivesse encurralado Aislin, na cabeça da vampira toda menina TINHA que ter seda no guarda-roupa.
‘’Também não’’
‘’Eu até entendo o regime alimentar... Quer dizer, comer vegetais faz bem pra pele, mais suprimir o uso dos melhores materiais pra fazer roupa? Isso é um absurdo’’ - Tanto eu quanto Aislin sabíamos que a filosofia vegetariana não iria entrar na cabeça de Magdalene nem em mil anos, por dois motivos básicos.
Motivo um, ela é consumista e couro e seda estão totalmente na moda. Motivo dois, ela é uma vampira, a natureza dela condiz com caçar e sangue. Totalmente o oposto do veganismo.
‘’Não é um absurdo, isso é uma questão ética’’ - A diferença de mim para elas é que eu desisto de um assunto quando eu sei que não vou mudar a opinião da outra pessoa.
‘’Nos poderíamos mudar de assunto?’’ - Perguntei entediada, eu estava jogada na mesa terminando minhas batatas e presenciando pela vigésima vez elas discutirem lados opostos, pra piorar eu ainda estava sentindo aquela presença super forte.
‘’Opâ! É pra já’’ - Magdalene mostrou um sorriso brilhante e eu não entendi o porque.
‘’Sobre o que vamos falar?’’ - Aislin rodou o canudinho no seu suco de maracujá que ela tinha feito questão de que fosse natural e feito na hora. Nada de conservantes porque eles aumentam o risco de hiperatividade.
Cara a convivência com as duas estava me afetando.
‘’Apollo Mangrave?’’ - Magdalene sugeriu maliciosamente.
‘’A fala sério... Alguma coisa interessante de preferência’’ - Eu resmunguei.
‘’Então você não me acha interessante?’’
Eu dei um pulo e me deparei com um branquelo sentado folgadamente do meu lado.
Sugadores são tão imprevisíveis.
‘’Não foi isso que eu quis dizer, é só que... Sabe como é que é né’’ - Eu sorri timidamente. ‘’Você pegou o bonde andando’’
Ele cruzou os braços atrás da cabeça em uma posição despreocupada.
‘’Sim, sei como é que é’’ - Ele riu.
‘’Então uh, o que você faz aqui?’’ -Eu perguntei depois de alguns segundos de silêncio -Se existe uma pergunta idiota que merece resposta cretina é quando alguém esta em um restaurante e você pergunta o que ela esta fazendo lá, mais Apollo não era exatamente um consumidor em potencial, a não ser que ele fosse pedir pra garçonete esquentar o sangue dele também.
‘’Só estava passando e daí eu vi você e resolvi vir aqui encher o saco já que você fugiu de mim a semana inteira’’
Magdalene e Aislin estavam se cutucando e rindo de alguma piadinha interna, pelo jeito teatral eu pude perceber que era sobre as minhas cartinhas de amor, elas não esqueceriam nunca?
‘’Então, o que me diz de dar uma volta comigo?’’ - Ele perguntou com um sorriso propositalmente torto. Aquilo era uma tática pra me convencer?
 Boa tática. Muito boa.
‘’Não sei não... Se fosse a uns dez anos atrás eu ficaria honrada, mas como você pode ver hoje eu estou passando uma tarde com as garotas...’’ -
 ‘’Isso se chama vingança sabia?’’ - Ele riu - ‘’Não seja rancorosa Diana, já deu tempo de superar certo?’’
Agora foi a minha vez de rir - ‘’Ainda estou sofrendo, não esta vendo?’’ - Disse sarcástica.
‘’Vai logo Diana’’ - Magdalene me expulsou.
‘’Eu prometo que não vou te morder’’ - Ele sorriu diabolicamente-
É incrível como a piadinha do eu-não-mordo se encaixava bem com os vampiros. Não tinha graça.
Do nada eu comecei a escutar ruídos surdos e confusos vindo de várias pessoas falando ao mesmo tempo, em voz baixa.
Eu olhei a minha volta, e quando eu percebi que aquele som confuso não vinha daquele restaurante fiquei assustada.
Muito assustada.
Eu estava escutando vozes, aquilo não era normal.
‘’O que você acha Diana?...’’ - Apollo perguntou.
‘’Acha do que?’’ - Eu estava aérea, concentrada demais tentando entender o que os sussurros diziam.
‘’Alguém esta boiando demais hoje’’- Magdalene debochou.
‘’Vocês estão sentindo isso?’’ - Perguntei repentinamente não agüentando mais esconder aquela coisa estranha. Talvez fosse normal os imortais escutarem vozes, e ninguém tinha me avisado, e eu estava assustada por nada. É isso!
‘’O que?’’ - Apollo perguntou alarmado e as minhas duas amigas me olharam curiosas.
‘’Essa vibração forte, e essas vozes’’ - Eu massageei minhas têmporas.
Todos na mesa me analisaram como se eu fosse daqueles tipos de loucas que sentem coisas do além.
Bom, talvez eu fosse uma louca que sente coisas do além, dado os fatos estranhos recém acontecidos.
‘’Vozes?’’ - Magdalene me olhou como se eu tivesse perdido a razão - ‘’Você definitivamente não esta bem!’’
‘’Pra uma imortal você é bem hipocondríaca’’ - Aislin com muito custo modelou um sorriso, o meu comentário pelo visto tinha a deixado assustada.
‘’Você já considerou um tratamento Diana?’’ - Apollo perguntou zombeteiro.
Eu revirei os olhos. Eu sei, era problemático, eu estava sentindo coisas estranhas desde que havia chegado à cidade, e pra piorar agora estava escutando vozes. Eu tinha certeza de que tudo era real, as vozes ecoavam perfeitamente em meus ouvidos por mais que eu não entendesse o que elas significassem, a presença forte era intensa e eu a sentia perfeitamente, ela vibrava dentro de mim.
‘’Talvez seja só minha imaginação’’ - Eu menti a fim de tirar aqueles olhares desconfiados de cima de mim.
‘’Talvez? É com certeza a sua imaginação!’’ - Aislin disse atemorizada, algo no jeito que ela falou sugeriu que ela estava tentando se convencer de que era a minha imaginação. Ela sabia de alguma coisa a respeito, alguma coisa que a assutava.
‘’Esta certo’’ - Eu concordei - ‘’Eu sou mesmo hipocondríaca, me ignorem’’
‘’Hipocondríaca não é bem a palavra certa’’ - Apollo tirou a garrafa de sangue da mão de Magdalene e tomou um longo gole. Ele ia mesmo ficar curtindo com a minha cara?
Devido ao falatório na minha cabeça as conversas comigo não renderam muito, não estava prestando muito atenção na conversa, eu sabia que Magdalene estava contando uma de suas longas histórias, e Apollo sempre que tinha uma brecha revelava coisas constrangedoras da minha infância, Aislin estava tão avoada quando eu, eu conseguia claramente ver preocupação em seus olhos.
Por mais estranho que pareça uma de nossas conversas artificiais foi cortada pelo celular dos três tocando ao mesmo tempo. O de Apollo um som polifônico, o de Aislin um beep agudo, e o de Magdalene o melhor, algo parecido com galinha Techno remix.
Mesmo me sentindo estranha eu não pude evitar de rir, só mesmo a vampira pra colocar uma alerta de mensagem daquelas.
Os três ficaram compenetrados nas mensagens por alguns segundos, Apollo por fim deu um sorriso satisfeito, Magdalene ficou carrancuda e Aislin levantou bruscamente.
‘’Nos temos que voltar agora’’
‘’O que?’’ - Eu perguntei - ‘’Mas ainda é cedo’’
‘’Nos ainda nem fizemos compras. Droga’’ - Magdalene jogou o celular novamente dentro de sua bolsa e depois fez um enorme bico de criança birrenta.
‘‘Finalmente, alguma coisa excitante deve ter acontecido’’ - Apollo sorriu.
‘’Excitante?’’ - Aislin o olhou abismada - ‘’Isso é uma convocação de emergência, alguma coisa muito tensa deve ter acontecido, nada de excitante eu garanto’’
‘’O seu ponto de vista sobre a situação depende da sua concepção de excitante’’ - Apollo encarou a bruxa - ‘’Qual é, nos precisamos de um pouco de caos de vez em quando’’ - Aquele era o Apollo que eu conheci com seis anos, com valores invertidos, ele apreciava mais do que ninguém uma boa desordem.
‘’De que tipo de caos vocês estão falando?’’ - Eu me atrevi a perguntar.
‘’A senhora Varditte vai nos contar pessoalmente’’ - A vampira disse estressada.
Apollo se pos de pé -‘’Vamos?’’
‘’O cavalheiro paga a conta’’ - A vampira deu um largo sorriso interesseiro para o vampiro.
‘’Folgada’’ - Ele disse se dirigindo ao caixa.

‘’Alguém pode me dizer o que esta acontecendo?’’ - Eu perguntei quando me sentei do lado de Apollo.
‘’Problemas’’ - Aislin respondeu rapidamente, aquilo era sinal de que ela não queria falar do assunto.
‘’Quais são os palpites?’’ - Perguntei.
‘’Palpites sobre?...’’ - Apollo se virou e seu rosto ficou a alguns palmos longe do meu.
‘’Sobre o que aconteceu’’- Eu respondi meio incomodada com a proximidade.
‘’Com certeza é frescura daquela bruxa velha’’ - Magdalene respondeu- ‘’ Ela não suporta a idéia de termos um pouco de lazer, ela não é feliz e não deixa ninguém ser também’’
 Aislin deu uma arrancada com o bote e eu me choquei com Apollo, aquilo acabou totalmente com o quase-clima - ‘’Eu não acredito que isso se trate de drama pessoal, isso é uma alerta vermelha, é coisa séria’’
‘’Eu não sei o que é, mais sei que essa noite promete’’ - Apollo disse despreocupado e eu tive a impressão de que a bruxa queria chuta-lo no mar.
No resto do trajeto não dissemos quase nenhuma palavra, só aceleramos, Aislin estava apreensiva, Apollo com um sorriso impregnado no rosto e Magdalene reclamando que o cabelo estava molhando, e eu muito curiosa e um pouco atordoada com os sussurros na minha cabeça que estavam ficando cada vez mais audíveis.
Devido à velocidade chegamos rápido, quando desci do bote demorei um pouco pra me estabilizar no chão, Aislin prendeu o bote as pressas e depois nos arrastou para a entrada. Eu percebi, não só nos estávamos retornando, mais vários imortais que tinham ido para a cidade também. Afinal o que poderia ser tão grave pra todos voltarem correndo?Ou melhor, pra ativar o nosso aposentado heliporto?
Senhora Varditt e os demais responsáveis por Elyon estavam alinhados no centro do enorme saguão numa postura ereta com as mãos para trás como soldados do exercito, nenhum deles subiu ao pódio para se pronunciar, o suspense me deixou tensa, Magdalene começou a reclamar pra mim sobre o falatório que não parava e que ela queria ir para o quarto arrumar o cabelo que estava selvagemmente bagunçado por causa do vento, ela pareceu nem se importar com o rebuliço que estava acontecendo a sua volta, ser vista despenteada era o maior problema pra ela, Aislin a repreendeu com um cutucão.
Um silêncio mortal, absoluto tomou conta do saguão quando duas figuras célebres, apareceram no centro.
Então aquele era o motivo do alvoroço?
O motivo também da dissipação da agitação? E dos helicópteros?
Era tão típico deles. Grandes entradas.
Mais eles tinham mesmo que acabar com a tarde fora de Elyon? Tinham que criar essa tensão toda só porque eles resolveram dar as caras?
O avô mais estraga prazeres do mundo definitivamente era o meu!
Pelo menos um bom motivo tinha que ter, um que fosse mais importante do que boas vindas atrasadas.
‘’Mangrave e Salonen?’’ - Magdalene estremeceu do meu lado - ‘’Ok, agora eu estou assustada.’’

‘’Regras nunca foi uma opção em Elyon’’ - O pálido Hanzi Mangrave começou em sua pronuncia peculiar, seu forte sotaque Francês, infundindo temor - ‘’Elas existem por algum motivo, e esse motivo é a razão de nos imortais termos sobrevivido por tanto tempo’’ - Vovô Tagore estava ao seu lado igualmente assustador - ‘’E acredito que é do conhecimento de vocês que algo como a quebra de acordo resulta em destruição imediata.Ninguém, absolutamente ninguém é lícito a ignorar nossas leis... Em séculos não ocorre um problema como esse, alguém causou o fim de nossa paz’’ - Ele nos encarou com um sentimento forte que se assemelhada com... Ódio - ‘’E esse alguém ira pagar com a alma’’ - Todos estremeceram com as suas palavras, eu fui claramente a única que tive vontade de rir, mais me contive. aquilo significava que... -
Como respostas aos meus pensamentos eles se manifestaram diante de nós, em suas roupas pretas, meia dúzia ou mais, o sentimentos que eu tive antes voltou, dessa vez mais intenso, eu comecei a suar, senti a mesma energia explosiva de antes.
‘’Eles são...’’ - A voz de Magdalene falhou.
‘’Ceifadores de alma’’ - Aislin completou petrificada.
Todos no salão estavam desconcertados, a única coisa que bruxos e vampiros mais temiam, até mais do que a própria família real ditadora, estava ali, a poucos metros de distancia, e eles claramente tinham vindo com o intuito de ceifar a alma de algum imortal. As palavras de Hanzi rodaram na minha cabeça ‘’Esse alguém ira pagar com a alma’’, por que derrepente eu não tinha mais vontade de dar risada?
Apollo e Magdalene se dirigiram a ala dos vampiros do lado direito do saguão de fininho.
‘’Os passeios a cidade não serão mais permitidos’’ - Finalmente disse meu vovô depois de alguns segundos de silêncio por causa do choque - ‘’Os ceifadores permanecerão até concluírem a busca.’’
Porque imortais tinham que ser tão radicais?Eu ia ficar sem comer batata frita até eles acharem o criminoso? E qual era o crime afinal?
‘’É triste termos chegado ao ponto de ter que tomar medidas extremas como esta’’ - O velho ceifador tomou a palavra, eu o reconheci imediatamente. Ele era o velho funesto que eu havia visto na livraria naquele dia mais cedo!
Sua voz era calma e angelical, totalmente incompatível com a sua energia, e é claro com o seu posto, ceifadores nada mais são que, anjos rebeldes - ‘’Quem tem consciência limpa não têm o que temer’’- Ele deu um sorriso calmo que expôs seus dentes perfeitamente brancos - ‘’É só isso que eu tenho a dizer’’
Hanzi, vovô e o velho da livraria! Era impossível ser mais aterrorizante que aquilo, a pior combinação possível de três seres imortais.
Os outros ceifadores nos olhavam com desdém, por alguns segundos quando eles avançaram alguns passos à frente eu pensei que eles iam se apresentar. Besteira a minha, aquilo claramente não se tratava de uma visita amigável, e nós não teríamos tais coisas como formalidade.

Vovô Tagore retomou a palavra, ele começou a nos falar sobre novas regras, mais eu não prestei atenção porque naquele momento um ceifador atrasado se manifestou ao lado dos outros, uma sensação de frio glacial percorreu todo o meu corpo, eu não consegui tirar meus olhos dele, ele era tão... Tão...
‘’Diana?... Diana!’’ - Aislin me chacoalhou.        
‘’O que?’’ - Eu comecei a sair do estado de transe em que me encontrava.
‘’Você esta bem?’’ -Aislin perguntou baixinho.
‘’Hã?’’ - Perguntei confusa
‘’Você esta bem?’’- Ela repetiu a pergunta um pouco mais alto.
‘’Estou sim’’ - Respondi incerta com um sorriso pateta no rosto.
‘’É só que você parecia estar tendo algum tipo de visão alucinatória’’
‘’Eu só estou compenetrada demais no que meu avô esta dizendo’’ - Eu menti.
‘’Seu avô?’’- Ela perguntou em um tom um pouco alto e alguns bruxos nos olharam- ‘’Como assim?’’ - Ela perguntou num sussurro.
‘’Tagore é meu vovô, você não sabia?’’ - Eu disse me sentindo bêbada, minhas funções do cérebro deveriam estar meio atordoadas.
‘’Você é mesmo a neta do Salonen?’’ - Ela me perguntou com um expressão ilegível.
‘’Do Mangrave que não seria’’ - Eu dei uma de engraçadinha.
Ela revirou os olhos.
‘’Por que você nunca comentou nada sobre isso?’’
‘’Shhhhhh...’’ - Ula a bruxa com cara de índia nos olhou brava - ‘’Os anciões estão falando mais respeito!’’
 Aislin endireitou a postura mais ainda ficou me encarando com olhar exclamativo, e como não poderíamos conversar naquele momento eu me virei para o centro do saguão, é claro que não pra prestar atenção no discurso do meu avô, mais sim no ceifador atrasado que agora estava alinhado junto com os outros.
Ele não podia ser real.
E meus sentimentos também não.
Uma parte de mim dizia que meu estado era completamente normal, afinal eu estava contemplando um ser extraordinário rodeado de benevolência.
Completamente compreensível.
Enquanto a outra parte, aquela submersa por algum tipo de influencia sobrenatural dizia que aquela não era eu, e que aquilo não era normal.
Infelizmente a parte irracional sempre ganha.

4 comentários:

  1. Oi.
    Estou aqui p/ te convidar a seguir/comentar/ver meu blog.
    Lá fala sobre livros,moda,esmaltes...
    Não vai se arrepender ;)
    Bjus.
    www.vida-de-garota-brasil.blogspot.com

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  2. Amei a história !! *-*
    Continua postanto porque quero ler o Cap 5 logo ..
    Bjs


    Ps: FELIZ 2011 !!
    =)

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